top of page

TARIFAÇO DE TRUMP: CENÁRIO PODE SER OPORTUNO PARA EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CAFÉ E SOJA

Na avaliação do especialista em direito internacional empresarial Fernando Canutto, o Brasil pode ser beneficiado ao ser escolhido por países que tiveram taxação maior.



ree

As tarifas adicionais aplicadas pelos Estados Unidos podem representar desafios, mas também oportunidades para o agronegócio brasileiro. No tarifaço, os itens do Brasil terão incremento de 10% – porcentagem baixa quando comparada às tarifas impostas à China (34%) e ao Vietnã (46%), por exemplo. Neste cenário, na avaliação do especialista em direito internacional empresarial Fernando Canutto, há chance de o agronegócio brasileiro se fortalecer. As tarifas começam a valer a partir do sábado (5).


“Apesar de num primeiro momento a nossa impressão é que o Brasil vai ser prejudicado por conta dessa taxa de 10%, eu sinceramente acredito que é uma oportunidade absurda. Afinal, nossos produtos não estão tão caros quanto os de outros players nos Estados Unidos e esses outros players também estão taxando os Estados Unidos, ou seja, nosso produto vai ser mais interessante nos Estados Unidos e nesses outros países”, afirma Canutto.


Em reação ao tarifaço de Trump, a China anunciou na sexta-feira (4) uma tarifa de 34% sobre todos os produtos dos EUA. O anúncio, conforme Canutto, engloba os produtos agrícolas americanos, como soja, carne e frango e que podem ser adquiridos pela China no Brasil.


“A China, que compra muita soja, muito frango, muita carne dos Estados Unidos, certamente vai procurar outro parceiro comercial, talvez o Brasil, que já fornece grande quantidade de comandos agrícolas para a China”, avalia o especialista.


Produtos brasileiros como café e soja também podem ser beneficiados a partir das tarifas. Canutto explica que o Vietnã é um grande exportador de café e pode deixar de ser escolhido para ser negociado, dando espaço para a commodity brasileira.  


“Ou seja, o Vietnã, que é um grande produtor de café, sendo que o Brasil é o maior produtor, com certeza o café vietnamita deixará de ser interessante e o café brasileiro tornar-se-á ainda mais interessante do que já é. Afinal, o nosso café só está – entre aspas – 10% mais caro, enquanto o do Vietnã 20%, 30% a mais”, diz.


O Brasil é um relevante aliado comercial, especialmente na agroindústria. Sendo assim, o especialista avalia que o setor é competitivo, limpo e sustentável, o que traz destaque para os produtos brasileiros serem escolhidos em meio à guerra comercial. Na avaliação de Canutto, é importante que o Brasil venda tanto para os EUA quanto para os países lesados pela taxação.


“É um agro que, apesar de alguns países dizerem o contrário, principalmente a França, se destaca pelo mundo inteiro pela qualidade e eficiência dos produtos, qualidade e eficiência como é produzido. Então o Brasil, nesse momento de guerra comercial internacional, deve fazer o que aqueles que não são os beligerantes, geralmente fazem, tentam se aproveitar disso e realmente vender para os dois lados. Enquanto China e Estados Unidos se digladiam, ou China ou Estados Unidos e Europa se digladiam, o Brasil acaba fornecendo para todo mundo”, ressalta.


Na quinta-feira (03) o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse em conferência sobre etanol de milho em Mato Grosso que “o Brasil tem competência e certamente vai saber usufruir e fazer disso uma grande oportunidade” e avaliou o país como “muito competitivo”, especialmente na agropecuária.


Para Canutto, o etanol brasileiro “é o melhor do mundo e o mais sustentável” – o que traz competitividade para o produto nacional em meio às tarifas de Trump pelo mundo. Segundo o especialista, o Brasil tem potencial para se fortalecer no mercado em meio à guerra tarifária.


“O Brasil é muito competitivo, o nosso etanol é o primeiro do mundo, o mais limpo, o mais sustentável. No meio dessa guerra, onde todo mundo está sendo taxado, nossa taxação não é tão alta assim. Enquanto eles elevarem as taxas de maneira absurda, cabe ao Brasil preencher esse vácuo de comércio internacional, possibilitando que esses países mantenham sua cadeia produtiva, só que em vez de comprar dos Estados Unidos ou dos outros países, comprar diretamente do Brasil.”



Comentários


bottom of page