Alcolumbre barra avanço de impeachment contra Moraes e manda recado claro: “Nem com 81 assinaturas”

Em meio à crescente pressão de senadores alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), deixou claro que não pretende dar andamento a nenhum pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A declaração foi feita durante uma reunião com líderes partidários da base e da oposição, e sinaliza o firme posicionamento de Alcolumbre diante das tensões políticas envolvendo o Judiciário e parte do Legislativo.

Segundo relatos, o senador foi direto:

“Nem se tiver 81 assinaturas, ainda assim não pauto impeachment de ministro do STF”.

A afirmação veio logo após a oposição anunciar a coleta de 41 assinaturas, número suficiente para que o pedido fosse aceito, caso o presidente da Casa decidisse avançar com o processo. No entanto, como prevê o regimento interno do Senado, cabe exclusivamente ao presidente decidir se o caso será ou não colocado em tramitação.

Oposição pressiona, mas não há consenso

A tentativa de abrir o processo de impeachment faz parte de uma estratégia de setores bolsonaristas que têm intensificado críticas ao STF. Mesmo com as assinaturas anunciadas, não há unidade dentro da própria oposição. Senadores como Ciro Nogueira (PP-PI) reconhecem que não existe maioria suficiente para aprovar o afastamento de Moraes.

“Você pode ter até 80 assinaturas, que Alcolumbre não pauta”, declarou Nogueira, ao descartar apoio à iniciativa.

Impeachment de ministro do STF: como funciona?

Embora previsto na Constituição, o impeachment de ministros do Supremo nunca foi concretizado no Brasil. Para que isso ocorra, é necessário o aceite do presidente do Senado. Em seguida, o processo passaria por uma comissão e, depois, por votação em plenário — com necessidade de maioria simples para continuar e de dois terços (54 senadores) para ser aprovado.

Apesar da pressão política, o episódio reforça a posição de Alcolumbre como articulador de estabilidade institucional, evitando que a pauta se transforme em mais um capítulo de crise entre os poderes.